perder amores é escurecer por dentro, uma memória do corpo que o entardecer evoca quando tinge o céu de vermelho. para quem está sozinho depois de ter amado, o fim do dia é muito triste
Assim, entre Dalva e Venâncio, o casal, também conhecemos Lucy, uma prostituta. É impossível não reparar na sua história, na solidão da sua vida e nas escolhas que ela precisou fazer. Lucy é essencial em “Tudo é rio”. Apontar para um puteiro e dialogar sobre os cheiros, as cores, falar sobre cada pessoa que ali está aponta sobre o que o livro quer, de fato, tratar. Um convite a reparar (bem) na vida que pulsa e nos sentimentos que cada um suporta carregar. Penso que esse é o grande ponto da história. O que conseguimos suportar em nome do amor? Será que algo passa despercebido em nome dele?
Carla nos surpreende outra vez respondendo a essas questões. Acredito que ela conseguiu mostrar que nada passa despercebido, pois tudo está guardado em nós. Não conseguimos anular, por completo, aquilo que nos feriu. Sentimos no corpo, no peito, na rotina. Eu falaria por horas sobre a problemática disso, em como, principalmente, nossos sentimentos flutuam feito rio (e não param). Em como, até para suportá-los, precisamos passar pelo desencontro e a incerteza. A obra de Carla não foge dessa comparação e vai visitando algumas faíscas de sentimentos que habitam em lugares de nós. Feito rio em nós.
<3
até compartilhei no tt porque esse post me pegou demais! que coisa linda <3 já tava doida pra ler carla madeira, agora quero ainda mais! provavelmente devo começar por véspera (que comprei em bh, por ela ser uma autora mineira) mas certamente vou pegar tudo é rio ainda esse ano também!
ResponderExcluirEste livro nasceu para te encontrar como um rio. Belo post, Lary.
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