O ônibus passou 13h30 e seguiu o caminho de sempre. Linha reta, trânsito vazio. Depois veio o outro caminho, agora a pé. Sol iluminando, tempo abafado, passos rápidos. Chegada ao destino, finalmente. Retiro a mochila das costas e olho para frente. Ali, nada mudou. Pacientes saem do tratamento e as paredes do hospital têm cor de cansaço. É como se implorassem para que eu saísse dali segundos após ter entrado. Ignorei os pensamentos acelerados e conferi a hora no celular para medir o dia que mal tinha começado. 15h. Reparo também os fones de ouvido, a caneta, o caderno e a minha concentração interna para pedir ao céu que seja só mais um dia tranquilo. Olho para frente e as cadeiras estão cheias, olho para o lado e carros começam a chegar. Antes de o olhar buscar outro encontro, olho para frente outra vez, e percebo um corredor. No fim dos metros que o encerram, uma capela — vazia. Diante da imagem de Maria ao lado da porta, está um senhor com as mãos estendidas como quem quer doar ou pedir por algo para a santa. A conversa se estende até os seus braços se recolherem ao corpo, sinal do fim da prosa. Respiro fundo distante, pedindo de longe pelo mesmo encontro, pela mesma calma. Respiro outra vez. O dia tinha começado, entendi, enfim.
Assim seja, amém.
Que lindo! Parece o começo de um livro que vai ser muito bom...
ResponderExcluirtão bom começar a semana lendo esse comentário <3 muito obrigada por seu afeto!
ExcluirPorque é verdade!!! Bjks
ExcluirAmo tua forma de transmitir tua visão sobre o mundo, Lary <3
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